O luto


Depois de uma grande experiência de perda em minha vida, pude refletir sobre o quanto a vida muda, a gente querendo ou não.

Sempre ouvir dizer, e sempre fui muito defensora, de uma teoria de que o tempo cura tudo. Mas, será que isso é verdade?

Há perdas, por exemplo, que o tempo é incapaz de curar. Há faltas que nos modificam, mudam nossa rotina, nossa forma de pensar. Praticamente temos que criar uma nova versão de nós mesmos para que seja possível continuar vivendo.

Quando perdemos alguém muito importante em nossas vidas, que fazia parte da convivência diária, uma versão nossa deixa de existir. Aquela vida que levávamos termina, o capítulo se encerra. A partir daquele dia, temos uma nova realidade, que daqui um tempo também se tornará outra por novos acontecimentos, bons ou ruins, que são surgindo em nossa vida.

é como se nós fôssemos trocando de pele a cada fase de nossa vida, criando uma nova armadura para a nova realidade.

Há perdas que nunca superamos. Há um tempo eu acreditava que era possível superar certas faltas. Que apenas exigia mudar os pensamentos, o tempo passar... mas há certas perdas em nossa vida que são irreversíveis. É a tal dor que nunca passa que muitos que perdem pessoas queridas relatam.

Viver nos traz cicatrizes que vão além da aparência em nossa pele. Vão em nossos pensamentos, nossa alma. Sinto dizer, mas há pensamentos, tristezas e dores que temos que aprender a conviver com elas, querendo ou não.

A conexão que existia dentro de casa quando meu pai (Tó) estava presente fisicamente, terminou. E não haverá tempo para curar isso. Não, isso o tempo não cura. O máximo que ele fará é tirar esse sentimento do centro das atenções. é uma cicatriz, uma falta, uma nova realidade, uma nova história que teremos que construir. 

Pensando espiritualmente, é nessa construção de uma nova história que quem está do outro lado espera de nós por aqui. Até que possamos, um dia, nos encontrarmos todos novamente, e continuarmos escrevendo nossa história, na vida eterna.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reflexões de uma pessoa com 32 anos

Você não pode mandar nos fatos, mas pode escolher como reagir a eles